quinta-feira, 3 de junho de 2010

História da Solenidade de Corpus Christi




No final do século XIII surgiu em Lieja, Bélgica, um Movimento Eucarístico cujo centro foi a Abadia de Cornillon, fundada em 1124 pelo Bispo Albero. Este movimento deu origem a vários costumes eucarísticos, como por exemplo a Exposição e Bênção do Santíssimo Sacramento, o uso dos sinos durante sua elevação na Missa e a festa do Corpus Christi. Santa Juliana de Mont Cornillon, naquela época priora da Abadia, foi a enviada de Deus para propiciar esta Festa. A santa nasceu em Retines, perto de Liège, Bélgica, em 1193. Ficou órfã muito pequena e foi educada pelas freiras Agostinas em Mont Cornillon. Quando cresceu, fez sua profissão religiosa e mais tarde foi superiora de sua comunidade. Morreu em 5 de abril de 1258, na casa das monjas Cistercienses, em Fosses, e foi enterrada em Villiers.
Desde jovem, Santa Juliana teve uma grande veneração ao Santíssimo Sacramento. E sempre esperava que se tivesse uma festa especial em sua honra. Este desejo se diz ter intensificado por uma visão que ela teve da Igreja, sob a aparência de lua cheia com uma mancha negra, que significada a ausência dessa solenidade.
Juliana comunicou estas aparições a Dom Roberto de Thorete, o então bispo de Lieja, a Dominico Hugh, mais tarde cardeal legado dos Países Baixos, e a Jacques Pantaleón, nessa época arquidiácolo de Lieja e mais tarde Papa Urbano IV.
O bispo ficou impressionado e, como nesse tempo os bispos tinham o direito de ordenar festas para suas dioceses, convocou um sínodo em 1246 e ordenou que a celebração fosse feita no ano seguinte. Ao mesmo tempo, o Papa ordenou que um monge, de nome João, escrevesse o ofício para essa ocasião. O decreto está preservado em Binterim (Denkwürdigkeiten, V.I. 276), junto com algumas partes do ofício.
Dom Roberto não viveu para ver a realização de sua ordem, já que morreu em 16 de outubro de 1246, mas a festa foi celebrada pela primeira vez no ano seguinte na quinta-feira posterior à festa da Santíssima Trindade. Mais tarde um bispo alemão conheceu esse costume e o estendeu por toda a atual Alemanha.
Naquela época, o Papa Urbano IV tinha sua corte em Orvieto, um pouco ao norte de Roma. Muito perto dessa localidade fica a cidade de Bolsena, onde em 1263 (ou 1264) aconteceu o famoso Milagre de Bolsena: um sacerdote que celebrava a Santa Missa teve dúvidas de que a Consagração da hóstia fosse algo real. No momento de partir a Sagrada Hóstia, viu sair dela sangue, que empapou o corporal (pequeno pano onde se apóiam o cálice e a patena durante a Missa). A venerada relíquia foi levada em procissão a Orvieto em 19 junho de 1264. Hoje se conserva o corporal, em Orvieto, onde também se pode ver a pedra do altar de Bolsena, manchada de sangue.
O Santo Padre, movido pelo prodígio, e por petição de vários bispos, fez com que a festa do Corpus Christi se estendesse por toda a Igreja por meio da bula "Transiturus", de 8 setembro do mesmo ano, fixando-a para a quinta-feira depois da oitava de Pentecostes, e outorgando muitas indulgências a todos que assistirem a Santa Missa e o ofício nesse dia.
Em seguida, segundo alguns biógrafos, o Papa Urbano IV encarregou de escrever um ofício - o texto da liturgia - a São Boa-ventura e também a Santo Tomás de Aquino. Quando o Pontífice começou a ler, em voz alta, o ofício feito por Santo Tomás, São Boa-ventura o achou tão bom que foi rasgando o seu em pedaços, para não concorrer com o de São Tomás de Aquino.
A morte do Papa Urbano IV (em 2 de outubro de 1264), um pouco depois da publicação do decreto, prejudicou a difusão da festa. Mas o Papa Clemente V tomou o assunto em suas mãos e, no concílio geral de Viena (1311), ordenou mais uma vez a adoção desta festa. Em 1317 foi promulgada uma recompilação das leis - por João XXII - e assim a festa foi estendida a toda a Igreja.
Nenhum dos decretos fala da procissão com o Santíssimo como um aspecto da celebração. Porém estas procissões foram dotadas de indulgências pelos Papas Martinho V e Eugênio IV, e se fizeram bastante comuns a partir do século XIV.
A festa foi aceita em Cologne em 1306; em Worms a adoptaram em 1315; em Strasburg em 1316. Na Inglaterra foi introduzida, a partir da Bélgica, entre 1320 e 1325. Nos Estados Unidos e nos outros países a solenidade era celebrada no domingo depois do domingo da Santíssima Trindade.
Na Igreja grega a festa de Corpus Christi é conhecida nos calendários dos sírios, armênios, coptos, melquitas e rutínios da Galícia, Calábria e Sicília.
Finalmente, o Concílio de Trento declarou que, muito piedosa e religiosamente, foi introduzida na Igreja de Deus o costume, que todos os anos, em determinado dia festivo, seja celebrado este excelso e venerável sacramento com singular veneração e solenidade; e reverente e honorificamente seja levado em procissão pelas ruas e lugares públicos. Dessa forma, os cristãos expressam sua gratidão por tão inefável e verdadeiramente divino benefício, pelo qual se faz novamente presente a vitória e triunfo sobre a morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A celebração da festa de "CORPUS CHRISTI" no Vaticano
Em Roma começou-se, desde o século XV, com o Papa Nicolau XV (1447-1455) a celebrar a festa de "Corpus Christi", com a procissão de São João de Latrão até Santa Maria Maior. A atual Via Merulana, no entanto, só pôde ser percorrida a partir de 1575, quando foram terminadas as obras para construir o retilíneo, sob o pontificado de Gregório XIII.
Durante três séculos, manteve-se o costume de fazer a procissão eucarística guiada pelos Papas. Depois, a partir de 1870, ano da "tomada de Roma", o costume caiu em desuso, sendo retomado pelo Papa João Paulo II, em 1979.

História da festa de "CORPUS CHRISTI" no Brasil
A festa foi trazida para o Brasil pelos portugueses. No Brasil, numa carta de 9 de agosto de 1549, o Padre Manuel da Nóbrega, da Bahia, informava: “Outra procissão se fez dia de Corpus Christi, mui solene, em que jogou toda a artilharia, que estava na cerca, as ruas muito enramadas, houve danças e invenções à maneira de Portugal”. (Cartas do Brasil, 86, Rio de Janeiro, 1931).
As procissões portuguesas eram esplendorosas: tropas, fidalgos, cavaleiros, andores, danças e cantos. A imagem de São Jorge, padroeiro de Portugal, seguia a procissão montada em um cavalo, rodeada de oficiais de gala. [5]
A tradição de enfeitar as ruas surgiu em Ouro Preto, cidade histórica do interior de Minas Gerais.

Fonte: ACI Digital [9]
http://www.portaldafamilia.org.br/datas/corpus/corpuschristi1.shtml

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Teoria Musical para Ministros de Musica Parte II - Conhecendo os Intervalos



A Paz de Deus a todos!!

     Vamos dar continuidade ao nosso curso de teoria musical aprendendo sobre os intervalos genéricos, como identificá-los, calculá-los e nomeá-los no pentagrama.

     Chamamos de intervalo a distancia entre duas notas qualquer no pentagrama medida em semi-tons. Os intervalos classificam-se em numerais ordinais e são contados de acordo com a distancia entre as notas a partir de primeira.
     Ou seja, quando duas notas estão na mesma linha ou espaço do pentagrama temos um intervalo de primeira ou prima em alguns casos temos o que chamamos de uníssono - duas ou mais notas com o mesmo nome e mesma altura. Os intervalos Podem ser Ascendentes quando o "movimento de separação" das notas vai da menor altura para a maior altura, do mais grave para o mais agudo ou descendente quando acontece no sentido inverso. Inicialmente tomaremos intervalos ascendentes. A figura abaixo mostra exemplos de intervalo de primeira no pentagrama:

Intervalo de primeira

     Quando uma segunda nota está numa linha ou espaço imediatamente superior dizemos que o intervalo é de segunda. A figura abaixo ilustra exemplos de intervalos de segunda. Observe que o Ré a nota que está imediatamente acima do Dó no pentagrama.

Intervalo de segunda
     Quando as notas estão separadas entre si por um espaço ou uma linha vazios dizemos que este intervalo é de terça. Podemos observar no intervalo ilustrado abaixo Dó-Mi que entre eles existe a nota Ré, um espaço "vazio". Todas as vezes que temos as notas dispostas dessa forma teremos um intervalo de terça. Observe na  figura abaixo:

intervalo de terças

     Quanto mais as notas se afastam maiores ficam o intervalo. A partir dos exemplos ilustrados podemos perceber que os intervalos podem ser contados pela quantidade de notas que fazem parte do intervalo, por exemplo no intervalo de segunda Dó-Ré temos duas notas, também são intervalos de segunda por exemplo Ré-Mi ou Lá-Si. Já um intervalo de terça teremos três notas - se contarmos com a que não utilizamos. Assim num intervalo de terça Dó-Mi temos (dó, ré, mi). Utilizando o mesmo raciocínio podemos contar que no intervalo de Dó a Fá teremos uma quarta (dó, ré, mi, fá). Use os dedos, não tem problema. Então alguns intervalos restantes estão ilustrados na figura abaixo:

quartas, quintas, sextas, sétimas e oitavas

     Observe que se usarmos um teclado, piano, ou até mesmo os dedos para contar o número de semitons presentes em um determinado intervalos veremos que para o mesmo intervalo existe uma quantidade de semitons diferentes, por exemplo se tomarmos as segundas veremos que existem segundas com 2, 3 ou 4 semitons!! Como isso é possível? É possível porque estamos observando o nome das notas que compõe os intervalos se utilizamos um piano, um violão ou qualquer que seja seu instrumento observe que estes intervalos são distintos entre si, tem sons diferenciados, mesmo sendo segundas.
     Estes intervalos recebem nomes distintos e serão estudados um pouco mais a frente quando estivermos estudando as escalas. Por enquanto um pouco mais de paciência. Nossa próxima postagem será sobre outros sinais gráficos que estão presentes em nossas partituras e que é de fundamental importância que nós os conheçamos. 

Até lá!



*ilustrações retiradas de http://www.jazzbossa.com/teoria/aulas/30.intervalosgenericos.html